RONDA NOTURNA

Volta para a discografia


O DISCO MAIS RARO

      Guilherme Arantes em 1977, lança seu segundo disco pela
Som Livre, com destaque para a música "Amanhã" (tema da novela
Dancing Days e posteriormente gravada por Caetano Veloso).
A música "Baile de Máscaras" foi também trilha sonora de uma
novela da globo (Espelho Mágico/Coquetel de amor).
O disco Ronda Noturna marca a saída de Guilherme da gravadora.

      COMENTÁRIO DO GUILHERME SOBRE O DISCO
      "A característica do disco gravado pela Som Livre era de ter muitos músicos de estúdio, entre eles Altamiro Carrilho.
Mas o disco Ronda Noturna foi boicotado, porque na época tive uma briga gratuita e desnecessária com a Som Livre.
Acho que foi uma grande bobagem que eu fiz, indo para a warner.
O fato da música Amanhã entrar na novela foi como que um milagre
que me valeu a admiração de pessoas como Sonia Braga, Caetano Veloso,
toda uma geração de atores e diretores como Nelson Motta,
Gilberto Braga, Roberto Talma, Paulo Ubiratam, etc"
 

 

RELAÇÃO DE MÚSICAS

1- Oh! Meu Amor
2- Feliz Aniversário
3- Fuzarca na Discoteca
4- Baile de Máscaras
5- Cinza Industrial
6- Amanhã
7- Made In USA
8- Vento da Manhã
9- Ronda Noturna
10- A Cor da Aflição






  AS LETRAS DAS MÚSICAS

 
Oh! Meu Amor


Falta você, em tudo daqui
Oh! Meu amor, Oh! Meu amor

Que estaremos fazendo daqui há alguns anos
Que estaremos fazendo uns aos outros
Pelo que eu aprendi tenho medo
e isso eu confesse verdade
antes que o tempo nos leve
antes que o tempo já tarde.

As pessoas são de uma tal forma argilosas
Que essas flechas que vão nas palavras
Pelo que eu aprendi tenho medo
e isso eu confesse verdade
antes que o tempo nos leve
antes que o tempo já tarde.

Quero mudar o tom de voz
para purgar todo esse mal
que nos cerca, que nos cerca
vou lhe chamar, vou lhe chamar
Oh! Meu amor...


Feliz Aniversário


Amo essas festas de aniversário
criançada infernal
no "esconde-esconde" no "pega-pega"
criançada infernal

e ali na mesa o doce sonho burguês de nobreza, na mesa
e na cozinha, os aventais e o cheiro de limpeza
impecável, incomparável,
e as roupas de festa que os filhinhos usam
impecáveis, incomparáveis,
e os carros lustrosos parados no jardim.

Amos essas festas de aniversário
chapéuzinhos e apitos
no "esconde-esconde" no "pega-pega"
novos brinquedos bonitos




Fuzarca na Discoteca


Conheço um cara que trabalha no banco
tem uma caranga de tala larga
suspensão rebaixada,
com vidro bôlha, direção esportiva tipo fórmula um,
fuma cachimbo e prefere champanha,
francesa, Rotterdam, Perignon, Moet Chandon

Sonha ser um playboy como um Gunther Sachs
fazendo um cruzeiro num de seus iates
morando em Búzios e tendo seus casos especulados pelo Ibrahim
matéria de capa, como o Chiquinho Scarpa,
da Manchete, ou coisa assim

Frequenta motéis de luxo com sauna, piscina e bar
Adora tomar sorvete crocante no Guarujá
Costuma no fim de semana na discoteque ir dançar
O som internacional
Que toca na rádio, que toca no vídeo do televisor
Que está na lista da Cash Box e da Billboard

Na segunda-feira amanhece com a boca
com gosto de cabo de guarda-chuva
Mas logo à tarde já está com saudade
do seu programinha semanal
Traça até um plano pra o "Playmate" do ano conhecer no carnaval.


Baile de Máscaras


Num baile de máscaras qualquer
Colombina e Pierrô
Cansados de procurar em cada qual seu par
Se convidaram pra dançar
Pra não assistir a noite passar
Dois velhos amigos a se consolarem
Da solidão, mais uma vez
Cantando aos músicos que toquem
Aquelas canções todas
De recordações vivas
Belos e jovens
De olhos fechados pelo salão

E quando a orquestra deu o final
Não se apartaram
Como seria o costumeiro e trivial
Foram abraçados até os portões
E saíram pra ver
O romper dos clarões do dia
Seguiram caminhando
Na calma dos amantes
Como se o tempo houvesse parado
Daquela noite em diante
E se visitaram
E se reencontraram
Dias depois já não eram mais assim tão sós

E se consumiram
E se violentaram
No fogo e paixão
Da fúria e do medo
Dos peitos sofridos de afeto
E os dias foram longos
E os beijos foram tantos
Lavaram as almas
De tristes memórias
Na água dos prantos...




Cinza Industrial

O apito de um navio e a cor do céu quando anoitece,
tem efeito quase mágico de tão nostálgico.
E os sinos carrilhões e as andorinhas de uma praça
lembram puras alegrias da infância.

São fatos tão diários,
são trechos de canções
que falam de um passado natural
São quase relicários na minha mente cinza
na minha mente cinza industrial,
na minha mente cinza industrial

Os muros do convento onde as freiras cantam hinos, salmos
em louvor a Deus do céu, louvor aos santos.
E antigas luminárias com suas luzes amarelas,
o jardim com bancos velhos de ferro.



Amanhã

Amanhã, será um lindo dia,
da mais louca alegria
Que se possa imaginar
Amanhã, redobrada força
p'ra cima, que não cessa
Há de vingar
Amanhã, mais nenhum mistério,
acima do ilusório
O astro-rei vai brilhar
Amanhã a luminosidade,
alheia a qualquer vontade
Há de imperar, há de imperar

Amanhã está toda esperança
por menor que pareça
Existe, e é p'ra vicejar
Amanhã, apesar de hoje,
ser a estrada que surge
P'ra se trilhar
Amanhã, mesmo que uns não queiram
será de outros que esperam
Ver o dia raiar
Amanhã, ódios aplacados,
temores abrandados,
Será pleno, será pleno



Made in USA

Lembranças do sonho da lua
do final dos anos 50
Das quimeras de "após guerra"
Cabo Canaveral foi a mais bela

Cheguei a crer no "Super Homem",
Cheguei a crer em "Barbarela"
Cheguei a crer em "Flash Gordon",
no senhor "Spock", nos "Thunderbirds",
no "Robot", Made in USA,
Yeah!, yeah!, yeah!, yeah!,...

Lembranças do sonho da lua
a televisão pra sempre deixaria
e no pequeno passo do astronauta
juro que um grande passo eu enxerguei na tela

Lembranças do sonho da lua
neste final de anos 70
Será que vive aquela idéia
ou mesmo quem acreditava nela?
Quanto custaria um "Super Homem"?
Quanta custaria a "Barbarela"?
Quanto custaria um "Flash Gordon",
um senhor "Spock", os "Thunderbirds",
um "Robot", Made in USA,
Yeah!, yeah!, yeah!, yeah!,...




Vento da Manhã

Vento da manhã na janela
desvenda o mistério de acordar
como o gosto de novos amores
da aventura que sempre será

Qual loucura é o nosso dia-a-dia
Qual certeza é o vento da manhã

Vento da manhã na janela
fazendo a cortina balançar
e um raio de sol deitou nos sacos
desfazendo a prece em levantar

Vento da manhã, na cidade
traga pra esses homens mais amor
traga todos os pássaros que foram embora
Vento da manhã lave a cara
de cada cidadão, homem, mulher
em coisas que não se transformam em nada pequeno.

Vento da manhã na janela
desvenda o mistério de acordar.





Ronda Noturna

Ouvi um disparo no alto
no décimo ou vigésimo andar
Ouvi correrias e gritos a me atravessar, os ouvidos, e o ar
O escuro se seguiu me cortaram a luz
me cortaram de medo, me cortaram de medo
Yeah!
Ouvi um disparo no alto
e o vulto da janela pulou
Ouvi corredores com ecos a me atravessar, os ouvidos, e o ar
O carro apareceu de sirene ligada
estragaram-me a noite, estragaram-me a noite
Yeah!
Ouvi um disparo no alto
havia um telefone a tocar
Ouvi atropelos e pânico a me atravessar, os ouvidos, e o ar





A Cor da Aflição

Onde está o seu jogo de pernas?
ou quem sabe o sangue de verão
Sua pele nesse abafar
tem a cor da aflição, tem a cor da aflição

Sua vida agitada é um corre-escorrega
é um sufoco, um pegar pra capar
de minutos contados, de atos calculados

Seus ouvidos não digerem mais que a contundente falta do compasso
Seus amigos, tão assim, num vai-e-vem não dizem nada certo
saia dessa se for esperto
saia dessa e diga...

São palavras inúteis idéias tão frágeis
que lhe gastam o tempo e a razão
e os eternos jogos mentais sobre coisas banais






Ficha Técnica

Guilherme Arantes & Companhia Limitada:
G.Arantes: piano, moog e Strings
José Carlos Prandini: guitarra, viola e flauta
Paulo Rosas Soveral: baixo
Luiz Guido Carli: bateria e percussão
Violoncelos: Marcio Malard, Iberê Gomes, Eduardo Rodriguez e Atelisa de Jesus
Arranjos, regência e vocais: G.Arantes e Cia

Direção de produção: Guto Graça Mello
Produção executiva: Marcio A. Antonucci
Arregimentação: João Pinheiro
Técnicos de gravação: Célio Martins, Andy Mills, Marcio A. Antonucci
Assistentes de estúdio: José Guilherme, Antonio Carlos e Claudio Farias
Técnico de mixagem: Marcio A. Antonucci
Coordenação da capa: Vera Cristina Roesler
Arte e foto: Lula Lindenberg

Gravado em 16 canais nos estúdios SIGLA A e B
no inverno de 1977.


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