CORAÇÃO PAULISTA

Em 1980 Guilherme Arantes resolve cantar o seu amor pela cidade de São Paulo. 
Foi um disco bem produzido e pouco reconhecido pelo público e crítica paulistana.
      Um dos pontos positivos do disco, além da capa, foi a inclusão 
pela primeira vez de uma música instrumental (ADÁGIO).
      No balanço final do disco, a música que acabou mais conhecida 
foi a que participou do festival MPB-80, que a rede globo realizou.
A música "FANTOCHES" não classificou e não convenceu nem os fãs
mais fanáticos de Guilherme Arantes.

 

 

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• 1- Coração Paulista
  2- A Noite
  3- Estranho
  4- Brasília
  5- Adágio (instrumental)
  6- Fantoches
  7- S.O.S.
  8- 1980
  9- Se Você Fizer Um Som
  10- Coração Fantoche
   
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  LETRAS DE GUILHERME ARANTES
  
  
  Coração Paulista
  
  Eu amo você paranóica seus olhos vidrados e duros me fazem sofrer
  Eu nego você paranóica da boca pra fora, no sangue eu não sei lhe esquecer
  De dia você paranóica é uma abelha assassina em busca de mel e poder
  De noite você paranóica persegue o meu sono
  onde quer que eu procure me esconder
  
  Oh, baby, o que é que me prende a você?
  
  Eu vejo você paranóica mais branca que a luz de mercúrio a resplandecer
  eu sinto você paranóica no fundo de um túnel, num pátio de trens a correr
  Escuto você paranóica gritando no meio de um tráfego de enlouquecer
  Respiro você paranóica por todos os poros,
  seu veneno no ar me faz viver
  
  
  
  
  
  
  A Noite
  
  A noite é o reino da calma, reino da pausa, tempo de amar
  a noite é tanto prazer tantos encontros, tanto se dar
  
  a noite é amiga dos homens na mesa o jantar
  
  a noite é trégua no mundo seu corpo despido e junto do meu
  a noite é manto sagrado e UFOS no céu
  
  
  
  
  
  
  Estranho
  
  
  Estranho é todo homem que não se sujeita
  a esquerda ou direita
  que nunca serve, nunca se enquadra
  e sempre sobra sempre, de fora à beira, quase,
  na boca presa a frase
  e a fera sempre na boca de espera
  
  Estranho é todo homem cuja alma é nômade
  cuja imagem mente
  nem bom, nem mau, é um homem ausente
  que sempre sobra sempre, de fora à beira, quase,
  na boca presa a frase
  e a fera sempre na boca de espera
  
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  Brasília
  
  
  Uh...! Brasília, Uh...! Brasília...
  
  Loucos profetas previram a tua existência milênio atrás
  e nos seus mapas marcaram o centro do mundo e nele tu estás
  todas as lendas que cercam teu nome jamais lograrão te explicar
  nem a política, nem o teu preço que foi tão penoso pagar
  
  Uh...! Brasília, Uh...! Brasília...
  
  Tuas cidades satélites mostram o quanto és uma aberração
  vivem à margem da tua luxúria onde corre o poder da nação
  seitas estranhas proclamam que o teu destino ainda não se cumpriu
  rezam a vinda dos anjos de estrelas cadentes no céu do Brasil
  
  Uh...! Brasília, Uh...! Brasília...
  
  És a vitrine imponente e ostensiva de um povo que vive a sonhar
  com seu império futuro, tesouro, presente que Deus vai mandar
  
  Uh...! Brasília, Uh...! Brasília...
  
  
  
  
  
  Fantoches
  
  
  Odeio fantoches, capachos do chefe,
  cupinchas do patrão
  odeio essa raça de gente costa-quente
  gente falsa serpente
  que se arrasta pelo chão
  cara fraco, inseguro, eu já acho feio
  puxa-saco já tô cheio
  eu odeio dedo-duro
  odeio dedo duro...
  
  
  
  
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  S.O.S
  
  
  Pra quem é só, falar ou calar, dá no mesmo
  tudo é tão objetivo e rápido ninguém vai ouvir
  Alguém que procure amizade
  perdido na imensa cidade
  alguém fechado no carro com o som ligado bem alto
  
  Ir à boate ou ver televisão, dá no mesmo
  se é ficar sempre no mesmo isolamento mortal
  nas bocas um riso sintético
  nas festas os brindes de plástico
  e voltar fechado no carro com o som ligado bem alto
  
  Eu canto aos homens sós
  que já nasceram sós
  e sempre foram sós
  com seus sonhos sós
  
  no escritório ou no estádio, domingo, dá no mesmo
  se na figura do juiz está o patrão
  palavrões e garrafas vazias
  lembranças de esposas sombrias
  e voltar fechado no carro com o som ligado bem alto
  
  Na riqueza sós
  na alegria sós
  na miséria sós
  na tristeza sós
  
  
  
  
  
  
  1980
  
  Eu quero o espaço livre das cabeças livres
  buscar o contato que nos falta
  
  Reatar laços,
  libertar os elos das traças, dos ratos
  e quem deterá tanta imaginação
  
  Mistério, magia, toda a sabedoria...
  
  Eu quero o arrepio mais que o pensamento
  mais que um brilho falso, um sentimento
  
  
  
  
  
  
  Se Você Fizer Um Som
  
  
  Brilha o sol no céu e a gente a cantar
  cai a chuva e a gente a cantar
  
  ôôôôô a cantar
  
  E esse canto muito quer dizer
  que há no mundo muito a se fazer
  
  ôôôôô e cantar...
  
  Se você fizer um som
  pra iluminar algum lugar
  isso sempre será bom
  vai te ajudar a se encontrar,
  é, a se encontrar
  
  
  
  
  
  
  Coração Fantoche
  
  Procuro um emprego decente
  que não tire o couro da gente e que dê pra viver
  Procuro um cigarro no bolso
  um dinheiro que pague o almoço que eu quero comer
  Procuro um cinema sem fila
  um programa pro fim de semana um lugar pra eu me esconder
  
  Oh baby, o que é que procura você?
  Oh baby... o que é que procura,
  procura,procura, procura, procura, você?...
  
  Procuro a saída, um remédio
  pro tédio da vida cê sabe o que eu quero dizer?
  Procuro encontrar os amigos
  nos bares, nos tragos, beber um pouco de prazer
  Procuro manter a distância
  de briga, violência e polícia eu não quero nem saber
  
  Oh baby, o que é que procura você?
  Oh baby... o que é que procura,
  procura,procura, procura, procura, você?...
  
  
  
  
  
  FICHA TÉCNICA
  
  
  
  • Guilherme Arantes: teclados, percussão e efeitos
    Pedro Ivo: baixo e violão
    Ivo Alencar: guitarra e violão
    Luiz Sergio Carlini: guitarra, violão e gaita
    Milton Cobrinha: percussão
    Solange e Carola: vocal em "A Noite" e "Se Você Fizer Um Som"
    Lucia Turnbull e Arnaldo Baptista: vocal em "Coração Paulista"
    Arranjos de base: G.Arantes e Pedro Ivo
    Arranjos de cordas: G.Arantes
    Arranjo vocal em "Brasília": Maurício Maestro
    Participação especial do grupo Boca Livre
  
  
  Produção e direção artística: Liminha
  Assistente de produção: Chico Neves
  Estúdio de gravação e mixagem: Transamérica (RJ)
  Técnicos de gravação: Vitor Farias, Cláudio Farias
  Auxiliares de estúdio: Jaime de Oliveira Sartori (Magro) e Jorge Silva
  Mixagem: Vitor Farias, Liminha e Guilherme Arantes
  Assistência técnica: Edeltrudes Marques
  Equipe técnica: Ismael de Souza, Eduardo Pastorelli, Carlos dos Santos
  Montagem: Wilson Medeiros
  Cortes: Gilberto Rosmaninho
  Capa: Angelo Shuman
  Foto: Paulo K. Vasconcellos
  Supervisão de capa: Leonardo Netto